mardi 30 mai 2006

Quando o Sr. António Reis vinha...

Quando o Sr. António Reis vinha, era uma festa na aldeia.
"Chegou o Sr. Reis" era assim que a gente o chamava.
Nessa noite... ia tudo para casa da Tia Victorina,
estava sempre aberta. Era uma senhora fantastica.
Ainda é viva, graça a Deus.
E depois subia umas escadas que davam para um salão muito grande.
Era aí que o Sr. Reis e aqueles que vinham com ele ficavam.

E então o povo juntava-se todo,
cada um a contar o que mais gostava, o que mais lhe tocava o coração.
Uns contavam as queixas do seu dia-a-dia, do trabalho mal pago,
outros contavam as histórias que passavam por eles.

E eu acho graça, que até numa terra
onde, naquela altura, os costumes eram muito severos,
até senhoras que estavam de luto
e nem por sombras podiam cantar, era proibido,
elas iam cantar para o Sr. Reis.

O Sr. Reis era…
Porque o Sr. Reis era uma pessoa que nos sabia ouvir.
E Peroguarda tinham um povo camponês,
que trabalhando de sol a sol
tinha pouco quem o ouvisse.
E ele foi talvez das primeiras pessoas
que chegou aos camponeses
de coração aberto para os ouvir.
Daí, aquela afeição toda:
toda a gente gostava dele,
como gostavam do Sr. Michel,
ou do Luís ou do Alexandre.

Virgínia Dias
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